quarta-feira

Atletas sem patrocínio: um problema persistente.




O único caminho é a profissionalização. E muitos surfistas ainda encontram dificuldades para se manter no Circuito.

Profissionalismo é a palavra. É a partir dela que surgirá o primeiro campeão mundial brasileiro. É a diferença fundamental hoje entre Adriano Mineirinho e outros surfistas que estão buscando o mesmo. A profissionalização dos atletas passa por diversas fases, que incluem o suporte financeiro mas que também englobam muitas outras questões.

Suporte psicológico é um dos principais fatores para o sucesso de um atleta. De qualquer esporte, em qualquer modalidade. A capacidade física acaba sendo mais ou menos nivelada entre os surfistas, que atualmente se preparam com diversos treinamentos, que incluem alongamento, natação, pilates e oficinas de equilíbrio. A parte tática também tem a sua vez, através de estudos de condições do mar e de desempenho dos atletas em cada bateria, através de filmagens e aconselhamentos técnicos.

Tudo isso requer muito investimento. E algumas empresas já enxergaram que este é o único caminho e hoje montam seus times, com managers cada vez mais competentes e que buscam a evolução do surfista a cada bateria, a cada competição.

No entanto, esse mercado é bastante restrito. É difícil para atletas que estão começando conseguirem esse tipo de patrocínio e o suporte só vem depois que o atleta consegue se destacar nos campeonatos. Só que nem todos conseguem arcar com estes custos. E muitas vezes nem conseguem chegar aos campeonatos.

Rafael Padilha que o diga. Surfista da cidade de Cabo Frio, já foi morar em Florianópolis para buscar um contato maior com as empresas. Mas após dois anos e meio teve que retornar, e ainda sem o apoio.

“ Eu fui morar em Floripa por conta própria, para tentar a sorte, por que as pessoas sempre me falaram que lá tem mais empresas, mais investimento, mas eu quebrei a cara. Fiquei dois anos e meio, cheguei a contactar várias empresas, mas as empresas priorizam surfistas de lá, então eu tive que voltar pra minha cidade, sem apoio e mais falido do que eu já estava, nem equipamento pra surfar, prancha, roupa de borracha, eu tinha mais.”

Mesmo assim ele não desanimou. Com apoio de familiares ele disputou a etapa final da Seletiva de Surf Petrobrás, em Saquarema e venceu uma bateria disputada contra Victor Ribas, atual 28º no Ranking da ASP South America e Dunga Neto, onde mostrou que a diferença entre os atletas não está no nível de surf apresentado.

Depois, no Oakley WQS Surf International, no Arpoador, Padilha venceu João Gutemberg e o campeão do WCT em Teahupoo, Bruno Santos, o que motiva o atleta cada vez mais a não desistir.

“ Ano passado eu fiquei bastante desmotivado, corri dois campeonatos e perdi logo de cara. Mas eu sempre tive o apoio de todo mundo na minha casa, e isso não me deixa desistir. Depois que eu venci essas baterias, minha auto-confiança aumentou bastante. Eu vi que dá pra chegar e eu vou fazer de tudo pra isso...eu vou chegar.”

Renato Galvão, que hoje é um atleta patrocinado, mas que já teve que abandonar o Circuito Mundial por falta de recursos reforça o coro, não esquecendo dos perrengues que passou e como é a sensação de entrar na água sabendo que tem que ganhar, não só pela pontuação e pelo Ranking, mas também por que se não vencer não terá condições de disputar outra etapa. No fim das contas, sem trocadilho, a tranqüilidade financeira é essencial para que o surf possa fluir da melhor maneira.

“ Eu comecei a competir o Circuito Mundial em 2004, mas tive que parar em 2007 por falta de patrocínio. Infelizmente não tem como correr o circuito mundial do próprio bolso, por que é uma grana muito alta e para ter o retorno deste investimento só se você for muito bem em todos os eventos, então eu tive que deixar de lado e me concentrei só nos campeonatos aqui no Brasil. Graças a Deus hoje eu tenho um patrocinador, que é a South to South, que me permite voltar a correr o Mundial.”

Galvão lembra ainda que todo atleta tem vida pessoal e que sendo o surf uma profissão como outra qualquer deve permitir a estabilidade do atleta.

“ É muito difícil ficar sem patrocínio por que a gente tem uma vida particular, além da competição, com gastos, contas e o material, as pranchas... É muito complicado. Tem que ter foco e se concentrar muito no que você quer. Espero que todos atletas tenham patrocínio logo, por que realmente é horrível essa situação.”

Renan Batalha é outro atleta que ainda está com o bico da prancha branco. Campeão do Circuito Catarinense Amador, o atleta disputou as duas últimas etapas do WQS e mostrou que ão deve nada aos profissionais. Só falta mesmo a estrutura.

Surfista da Praia Brava em Itajaí, no Maresias Surf International ele passou em primeiro numa bateria contra Diego Rosa, Felipe Martins e o chileno Manuel Selman.

Em Itamambuca, venceu Beto Mariano e Émerson Silva. Depois venceu o norte-americano Justin McBride e o local Alexandre Costinha.

“ Sem patrocínio é muito difícil disputar campeonatos. Você tem que fazer uma correria pra conseguir a grana e as vezes não consegue manter o ritmo.” fala Renan.

Outro exemplo absurdo é do carioca Jorge Spanner. Atleta de alto nível, só neste último WQS em Itamambuca venceu Yuri Sodré e Fabinho Gouveia. Fora os outros resultados em campeonatos expressivos como o Super Surf. O atleta, que tem um excelente manager, o Thiago, que também é manager de Léo Neves, Leandro Bastos e André Silva, é um destes casos sem a menor explicação para a falta de patrocínio.

Que é o caso de Bruno Moreira.

Não se sabe o porquê, já que em todos os campeonatos que disputa, seja Super Surf, Brasil Tour ou WQS o surfista sempre compete de igual para igual com Bruninho Santos, Leandro Bastos, ou quem quer que seja, e até mesmo os outros surfistas comentam sobre a excelente fase de Bruninho Moreira e do surf apresentado pelo atleta, sempre muito veloz e potente, com manobras muito fortes e arriscadas no ponto mais crítico da onda.

Por ser bem leve, Moreira pega uma velocidade absurda nas ondas e é sempre alucinante vê-lo surfando. No entanto, isso não se reflete em apoio e retorno pelo surf apresentado. O atleta segue sem patrocínio e se mantém nas competições graças aos bons resultados, que rendem boa premiação.

Luciano Bruller também não está com a vida fácil. No Onbongo Pró Surf, classificou-se para a final do Air Show, em meio a nomes como Hizunomê Bettero, Danilo Costa, Messias Félix, Genérik e Riquinho Wendhausen. O único com o bico da prancha ainda branco. O atleta fala de como é viver esta realidade e de como é sentir vergonha na hora das fotos, em meio a tantos atletas patrocinados.

“ Eu participo do Paulista Profissional, da divisão de acesso pro Super Surf, que é o Brasil Tour, e este ano eu tinha a chance, o último ano ano de correr o Pró Junior. Para eu ir aos campeonatos eu recebo muita ajuda dos meus amigos, que acreditam no meu potencial e dos meus pais. Eu também dou aula de surf às vezes com o meu pai, por que é um meio que eu tenho de juntar dinheiro para ir aos campeonatos, para tentar mostrar para a imprensa, para os meus adversários e até mesmo pro empresários que eu tenho potencial pra representar a marca deles. É difícil pra quem não tem quem faça indicação, quem não tem um bom empresário, por que dificilmente as empresas dão essa oportunidade. Quando a gente está sozinho tudo é mais difícil, tem que ser mais guerreiro... não que eu queira as coisas do jeito mais fácil, eu só quero ir para os campeonatos e mostrar os resultados, mas acontece que às vezes eu não tenho dinheiro nem para ir aos campeonatos. Quando um amigo te dá o dinheiro e diz que acredita em ti... e depois você não consegue um bom resultado, dá aquela tristeza, aquela pressão, de saber que a pessoa está tirando do bolso pra te dar... Fica a sensação de que você não fez por merecer... Mas também quando eu consigo um bom resultado, eu lembro de todo mundo que me ajudou... e posso agradecer a todos, que estão sempre ali, na praia, torcendo por mim... é muito legal isso.”

Além da falta de grana, a falta de patrocínio acaba interferindo no lado psicológico do atleta, que muitas vezes sabe que está no mesmo nível dos caras e não entende o por quê dessa falta de apoio.

E não são poucos atletas que passam por isso. Só em Itamambuca, neste último WQS, conheci dois, que com certeza eram para estar disputando campeonatos e soltando seus aéreos. Alex Cunha e Émerson Tikinho, são surfistas de alto desempenho, e que merecem oportunidade. A cada pico visitado, se percebe o desperdício de talentos que o Brasil está cometendo.

Itamar Guimarães, ex-competidor, atualmente trabalha como vídeo-maker em Santos, mas gostaria de retornar aos campeonatos.

“ Já corri o Brasil Tour, o Paulista e o Carioca Profissionais e parei pela falta de patrocínio e de incentivo também. As empresas preferem quem já tem nome, ao invés de investir em novos talentos. Eu tinha que trabalhar à noite, em bares, para poder usar o dinheiro para competir e às vezes já chegava cansado e perdia as baterias. Tive que abandonar os campeonatos e virei video-maker e free-surfer. Foi um jeito que eu arrumei de continuar trabalhando com surf e surfando também.”

E o que falar de Alcione Silva, que há anos procura patrocínio, mas parece que para algumas empresas, além do surf, tem que ter o padrão loirinha-de-olhos-azuis. Mas o surf de Alcione Silva não é surf de modinha. É surf de potência.

É fato que se houvesse um maior garimpo, uma maior preocupação das marcas em buscar esses novos talentos, o Brasil seria a grande potência do surf mundial, por que a cada praia, a cada pico, por todo o litoral, existem milhares de pessoas apaixonadas pelo esporte.

Crianças, senhoras, famílias inteiras que se dedicam ao surf, e que fazem do surf a paixão do litoral brasileiro, mais até que o futebol.

O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de surfwear do mundo, só perde para a Austrália, mas algumas empresas ainda hoje acham que podem pagar os surfistas com roupas e equipamentos e não fornecem a menor estrutura, e sem essa base, um surfista nunca será campeão mundial.

Deveriam sim, investir mais nos nossos atletas, investir em profissionalização, em preparação física e psicológica, desenvolver o atleta em toda sua plenitude. Mas parece que é mais importante ter meninas saradas distribuindo brindes em campeonatos.

Se estas empresas não tiverem esta consciência profissional, em pouco tempo o mercado consumidor fará o mesmo que atualmente faz com empresas que não são amigas da natureza e passarão a boicotar seus produtos e a associá-las a um marketing negativo.

Empresas: incentivem seus atletas, deêm estrutura a nossos surfistas. Saibam que tem muitos talentos escondidos em cada vila e em cada praia do Brasil. Existem muitas maneiras de se obter retorno para este investimento além do uso da imagem de “atletas-modelos”. Profissionalização é o único caminho para chegar ao título mundial.

Consumidores: fiquem atentos. Comprem e usem marcas que realmente incentivem nossos atletas, que tenham realmente uma preocupação com o surf e com o meio- ambiente.

Atletas: não desanimem. Nunca. Tem muita gente que acredita no surf de vocês e que vai trabalhar para que o dia chegue. Surf, sempre!




Com exclusividade para o Câmera Surf, Thaís Mureb.


Thaís Mureb é formanda em Relações Internacionais e luta pelo patrocínio dos atletas e pela profissionalização do surf brasileiro.

Wiggolly Dantas: um campeão em potencial, um exemplo a ser seguido.


Wiggolly Dantas é um campeão. E não estou falando a respeito dos campeonatos que já venceu, como a última etapa do WQS, realizado em Itamambuca. Com apenas 18 anos, ele conseguiu vencer a dislexia, um problema de difícil diagnóstico e atualmente fala além do português, inglês, espanhol e francês. E não quer parar por aí.

Diferente da grande maioria dos surfistas, Guigui é um garoto muito centrado, que sabe que um surfista não é feito só de ondas. Sabe o que quer, aonde quer chegar e exatamente o que fazer para chegar lá.

Surfou pela primeira vez aos três anos de idade, levado pelo irmão. Ele conta como foi fechar um patrocínio com a Quicksilver, aos 9 anos de idade:

“ A primeira vez que eu fui surfar foi meu irmão que me levou, aqui em Itamambuca. Era uma prancha dele, maior, acho que era uma 6'1 ou 6'0, não lembro... eu tinha 3 anos. Consegui ficar em pé de primeira, era pequenininho e comecei a gostar. Eles passaram a me levar todo dia, meu irmão(o surfista Wellington Carrane), a minha irmã(a surfista Suellen Naraísa) e o meu pai, e eu ia surfar. Fiquei surfando direto até uns oito anos assim, e corri meu primeiro campeonato, aqui em Itamambuca. Fiquei em sétimo. E comecei a gostar de surfar para competir. Entrei no brasileiro amador, no Hang Loose... e fui competir os mundiais. Com 9 anos eu entrei na Quicksilver e estou com esse patrocínio vai fazer 10 anos.”

Para quem não sabe, a história é curiosa. Foi o surfista Renan Rocha, que “descobriu” o Guigui e que fez o famoso “quem indica”.

“ Eu tava surfando aqui em Itamambuca, o Renan veio falar comigo e pediu o meu currículo, que ia arrumar patrocínio pra mim. Uma semana depois ele voltou, com uns adesivos...ele tinha me dado só os adesivos e eu não acreditei...caramba, Quicksilver... a gente foi no carro pra pegar umas coisas, fiquei amarradão. O sonho de todo surfista é ter o patrocínio da Quicksilver.”

Guigui tem uma trajetória vitoriosa. Até os dezesseis anos corria campeonatos amadores e profissionais,quando foi tri-campeão brasileiro amador e penta campeão do Hang Loose Surf Atack. Virou profissional aos dezessete. Passou a disputar então mundiais, WQS e Pró Juniores. Foi Campeão Mundial King of the Gromitts, na França, campeão sul-americano Pró Junior, foi campeão sul-americano representando a equipe brasileira, campeão de duas etapas do WQS 6 estrelas,uma na Inglaterra, e a outra em casa, Itamambuca. E isso só em um ano.

“ O ano está sendo bom. Eu estou surfando, fazendo alongamento, tava treinando boxe e jiu-jitsu... agora estou dando uma relaxada aqui em casa, mas vou começar a treinar pra ir pro Hawaii com força. Quero pegar umas ondas grandes, surfar bem, pegar tubos... se eu conseguir uma vaga pro WCT, quem sabe... não estou preocupado com isso. Mas eu vou focado do mesmo jeito.”

Ele ainda estava na disputa por uma vaga para ir ao Mundial Pró Junior, mas havia recebido a notícia que Jádson André havia sido o escolhido.

“ Eu estava na disputa por uma vaga, mas já fiquei sabendo que ele que vai... O critério de escolha seria o pró-júnior que estivesse com melhor pontuação no Ranking do WQS e ainda faltam duas etapas, no Hawaii. Mas algumas pessoas disseram que ia ser escolhido depois das etapas do Brasil, e outras disseram que não. Eu acho justo que seja depois do Hawaii, por que vai que eu mando bem lá, subo no Ranking e não posso mais disputar a vaga...”

Bastante consciente, Guigui é um surfista que se preocupa com a sua formação profissional e intelectual. Gosta de estudar línguas, faz intercâmbios para conhecer outras culturas e aprimorar os seus idiomas. Venceu a dislexia e mostrou que superação é fundamental para qualquer conquista. No esporte e na vida.

“ Tem muito tempo já que eu vou para a Austrália e fico estudando... vou fico quatro meses, fico em frente a Kirra... Aprimoro meu inglês, surfo, vejo os caras surfando, os WCTs que surfam lá... aprimorar o inglês, surfar, ver o jeito que os gringos estão surfando e tentar surfar igual, já fazem valer a pena a ida para a Austrália.”

Alguns surfistas se contentariam com muito menos, Guigui. Como só surfar, por exemplo.

“ Eu gosto muito de aprender outras línguas. Acho que por ser uma cultura diferente... isso que eu gosto. Em todo lugar que eu chego eu tento aprender um pouco, se é muito difícil eu não desisto, penso em aprender, em voltar no outro ano... e isso é muito bom.”

Garoto bastante caseiro, tive a oportunidade de conhecê-lo um pouco melhor e até participar da comemoração pelo título, regada a muito Red Bul, seu outro patrocinador.. A família é o seu esteio, é o que faz tudo funcionar. Irmãos e primos surfistas, pais bastante incentivadores, Guigui faz do seu lar e da Praia de Itamambuca o seu refúgio. O lugar onde descansa das viagens e repõe suas energias antes de outra jornada.

“ Eu gosto de ficar com meus amigos, ir ao cinema, jogar vídeo-game, playstation...um Counter Strike ou Kelly Salter... gosto de chegar aqui, surfar com os meus amigos, ficar com a minha família. Surfar no lugar onde eu aprendi a surfar, tem toda aquela vibe... pegar as melhores ondas... é isso o que eu mais gosto.”

Fala sobre o papel que o surf tem na sua vida, depois de 15 anos de convivência com esporte, sobre o seu estilo e em quais surfistas se inspira.

“ O surf é minha vida. Eu faço um free-surf com amor, com paixão... eu entro na água e esqueço de tudo... Eu só quero surfar...normal, relaxado, isso que é bom. Ainda mais na minha praia, o lugar onde eu moro, onde eu nasci... não tem preço que pague. Gosto de surfar bastante de backside, por que eu faço umas manobras mais radicais... eu faço radicais também de from, mas para campeonato, eu sempre tiro as maiores notas de back. Minhas manobras preferidas são os aéreos, os tubos e as batidas. Gosto muito do Andy e do Bruce Irons, Rob Machado, Patrick Bevan, Jeremy Flores, Mik Picon...”

Ele fala a respeito dos amigos a quem ele dedicou a ultima vitória, os dois já falecidos.

“ Eram dois amigos meus que moravam aqui, os dois surfavam de long... quando eu tinha uns 5, 6 anos eu conheci os dois e até os quinze a gente sempre estava junto. Só que infelizmente um foi... (pausa) é mataram ele... e o outro foi de diabetes. E para Itamambuca, era muito importante eles estarem aqui com a gente. Itamambuca, querendo ou não, sabe que eles faziam parte e ainda fazem parte do nome dessa cidade. Por isso que eu dediquei o título para os dois.”

Quando foi diagnosticado que ele tinha dislexia, mostrou-se que ele possuía 100% de aptidão para o esporte. E ele contornou todas as adversidades, aproveitando esta aptidão paro o surf, fazer boxe, jiu-jitsu, andar de skate, e etc...

“ Quando eu ia para escola era muito difícil de aprender, eu nunca queria ir, voltava pra casa... Eu até pensei em parar, em não ir mais pra escola, mas pensava... eu tenho que conseguir, não é assim, eu não posso desistir. Eu fui em São Paulo diagnosticar, e acabou mostrando que para esportes eu sou 100%, acabei me desenvolvendo mais para o esporte. Isso é bom por que eu gosto de fazer, eu gosto de treinar... boxe, jiu-jitsu... e acaba que não importa se você é bom ou não, você tem que fazer o que você gosta... é que nem andar de skate, gosto muito e às vezes corro também.”

Guigui é movido a sentimentos. Bons sentimentos. Sentimentos de amizade. Há dois anos ele escuta sempre a mesma música antes da bateria. Uma música que remete a bons momentos, vividos com bons amigos.

“ Há dois anos que eu escuto a mesma música antes das baterias. Sempre a mesma. É uma música do Eminem. Estava eu e todos os meu melhores amigos, que a gente fala que é uma família... São o Jeremy Flores, o Patrick Bevan, o Mik Picon e a Nicky Bevan...Ricardo Arona, eu o Zé Marcelo e o Jojó... estava todo mundo junto e teve uma festa, tava tocando essa música. Eu comecei a cantar e a gente começou a escutar essa música pelo Hawaii todo. Ficamos quatro meses, só tocando essa música, escutando essa música. E eu comecei a gostar e a competir só com ela... todas as baterias que eu escuto essa música eu entro instigado, penso na galera toda junta, toda aquela vibe... penso que irado!!!...vamos, vamos... e dou um gás... é animal!”

Wiggolly Dantas é assim. Um homem completo, mesmo ainda garoto. Um ser humano que busca a sua evolução. E a sua evolução é o surf. A evolução do surf nacional, que dentro de pouco tempo elevará o Brasil a novos parâmetros.

Parabéns Wiggolly. O país agradece.


Direto da casa do Rei de Itamambuca, muito bem recebida e com exclusividade para o Câmera Surf, Thaís Mureb.

Fred Patacchia, Jeremy Flores e Bede Durbidge abrem o WCT em grande estilo.




Jordy Smith é desclassificado por ter cometido duas interferências. Márcio Farney, Marco Polo, Léo Neves, Hizunomê Bettero e Bernardo Pigmeu avançam direto para o terceiro Round.

O WCT Hang Loose Santa Catarina Pró começou em grande estilo. Desfalcado da presença de nomes como Kelly Slater, Mick Fanning e Bobby Martinez, o campeonato teve Taylor Knox na primeira bateria, se mostrando bastante à vontade e travando um excelente duelo contra Ben Burgeois.

Amanheceu com altas ondas. E Knox abriu a batera com duas muito boas , 7,83 e 7 e ficou o restante do tempo administrando e tentando trocar sua pior nota. Ben não quis deixar barato e somou ao 6,9 que tinha um 7,53 obtido na última onda, que quase vira. Pior pra Fabinho Gouveia, que não consegue boas notas e fica em terceiro.

Pelo formato do WCT, só o primeiro colocado avança, direto para o terceiro Round, enquanto os outros dois disputam a repescagem.

Ciente disso, Marco Polo arrumou suas malas e avançou direto, com 13,67 deixando o australiano Kieren Perrow , com 12,34 e o sul-africano Royden Brison com 10,6.

O havaiano Fred Patacchia sobrou na sua bateria, abusando do surf “ a la Patacchia” e abriu com 8,5 e 8, o maior score do evento. Rodrigo Dornelles e Tânio Barreto ficaram na disputa pela segunda colocação, com Tânio levando a melhor.

Kai Otton passou por Jay Thompson e Guga Fernandes graças à terceira melhor onda do evento, um 8,67. Guga não fez uma boa bateria, obtendo apenas 7,67.

Márcio Farney despachou Heitor Alves e o Top 10 Luke Stedman numa das baterias mais apertadas do dia. Farney obteve logo uma excelente onda no início, 8 pontos e adicionou mais uma 4. Luke, em segundo fez 11,73 e Heitor 11,43. Bateria decidida nos décimos.

“ Eu entrei bastante a vontade.”, conta Farney. “ Fazia tempo que eu não surfava aqui na Praia da Vila, aproveitei pra curtir um pouco sozinho... só três cabeças nesse mar, foi muito bom. Eu estou treinando a muito tempo pensando neste WCT, sabia que eu tinha grandes chances, por que o vice-campeão catarinense é quase garantido de ser convidado, então eu queria chegar aqui bem preparado. Estou competindo bastante, estou com uma prancha muito boa também, já estou há um mês e meio usando-a direto. É uma prancha que eu já tenho há um ano, mas ficou bastante tempo guardada. Agora eu voltei a usá-la, ela está demais... A bateria foi muito apertada, eu consegui pegar uma onda muito boa, mas apesar disso o Heitor só precisava de 5,01 e o Luke precisava de 5,7, fez 5,4 e quase virou a bateria. Eu tenho um pensamento para fazer um surf mais linha, que é o que eles valorizam mais no WCT. E essa onda foi muito boa, foi uma direita, eu consegui fazer boas curvas, arcos bem grandes, que os juízes valorizam bastante. Agora é esperar o terceiro Round e tentar fazer uma final, ou até ser campeão.”

Jeremy Flores passa por Tiago Pires e por Peterson Rosa, que fica na sua cola a bateria toda, e mesmo com a quarta melhor soma do evento, 14,84 não consegue avançar. Flores faz um high-score na sua quarta onda, um 8,83, segunda melhor onda do dia. Tiago Pires não se adapta às condições do mar e obtém o pior resultado, 5,6.

Mikael Picon barra o Top 7 Adrian Buchan e o vencedor do WQS em Itajaí, Jano Belo, que surfa apenas três ondas regulares.

Taj Burrow nem se cansa para passar pelo havaiano Roy Powers, mas tem que se esforçar um pouco mais para vencer o local Carybean Heleodoro, que faz 12, 67. Taj surfa 10 ondas no total e a maioria com boa pontuação, mostrando sua constância. Obtém um 8 na sua segunda onda e fecha o caixão com 6,33 na sexta.

Bede Durbidge enfrenta o campeão da ASP South America Raoni Monteiro, que foi convidado às pressas graças à desistência de Adriano Mineirinho, que está contundido e se recupera de uma lesão no tornozelo. Melhor para Raoni e pior para o Top 4 Durbidge, que, apesar da maior nota do dia até então, um 9, quase perde a bateria para Raoni, que lançando mão de um aéreo animal, conseguiu 8,07 que não foram suficientes.

“ Eu não sabia que ia ser convidado. No começo até pensei que sim, por ter sido campeão da ASP South America, mas depois disseram que não, eu relaxei. Já estava em Saquarema, quando me ligaram ontem dizendo que tinha uma vaga. Vim na correria, não dormi direito, a verdade é que eu estou um pouco cansado. Mas eu estou aqui pra me divertir, despretensiosamente. Eu consegui fazer um aéreo, peguei depois uma onda boa, mas caí, o que acontece. Eu quero mesmo é fazer meu surf, dar uns aéreos, me divertir e quem sabe ir chegando aos poucos...”, arrisca Raoni.

O aussie Mike Campbell deixa C. J. Hobgood na repescagem junto com Alejo Muniz, que não deve nada para os grandes em termos de surf.

Léo Neves vence Pedro Henrique e o australiano Tom Whitaker, com quatro pontos de vantagem sobre o segundo colocado e cinco sobre Pedrinho. O Monster mostrou mais uma vez a força do seu surf e avançou direto para o terceiro Round.

Outro que não quis dar mole foi Hizunomê Bettero, que travou um homem a homem contra o sul africano Travis Logie, já que o norte-americano Cris Ward não apareceu. Hizu já tinha um 6, 83 e nos minutos finais fez uma bela onda que lhe rendeu 8 pontos e confirmou sua classificação.

Bernardo Pigmeu venceu o australiano Dayyan Neve por 0,4 ponto, a menor diferença do dia e também mandou Jihad “Hardcore” para a repescagem.

Daniel Ross vira a bateria em cima de Tim Reyes na última onda e deixa Wiliam “Panda” Cardoso também para a repescagem. No ano passado ele ganhou a bateria em cima de Bede Durbidge e Greg Emslie, avançando até o terceiro Round, onde perdeu para Taj Burrow.

“ Amanhã é outro dia, vou disputar a repescagem e vou com tudo. Espero cair no mar num horário melhor, por que eu cheguei aqui hoje 6:30, de manhã cedinho e tinha altas ondas, agora já diminuiu. Mas a previsão é essa, que durante o dia com a entrada do Nordeste as condições piorem mesmo. Mas eu acho que amanhã minha bateria será mais cedo, por que na repescagem já entra o Seed, e eu não tenho... Eu estou surfando sem pressão, só quero me divertir mesmo.”, conta ele que caiu com uma 6'2 (19' x 2,5 de largura).

William fala um pouco sobre os próximos campeonatos: o catarinense, que ele está liderando e as duas etapas do WQS no Hawaii.

“ Eu vou disputar o catarinense, eu ganhei a etapa de Balneário e tem mais duas, que eu vou disputar antes de ir pro Hawaii. Eu mandei fazer um quiver todo gringo para levar para lá esse ano, 6'2, 6'4, 6'6, 6'10, 7'0, 7,2 e 7'4 da Rusty Austrália, havaiana e americana. Mas não dá pra ir para o Hawaii na pressão, senão você fica se sentindo muito fora de casa. Tem que ir o mais tranqüilo, o mais relaxado possível, sabendo que é a casa do caras, que eles que mandam... então é pensar em fazer seu trabalho, ficar lá quietinho e quando sobrar uma onda vai ser sua. Essa é a parada do Hawaii. Tem alguns picos, tipo Sunset, que tem mais ondas e é mais tranqüilo, todo mundo surfa. Mas Pipeline, Bacorada... às vezes são horas esperando... e os caras dominam o pico. É muito chato, ver aquelas ondas perfeitas quebrando e ter que deixar passar. Mas sempre sobra uma onda... É assim... em Balneário eu mando, lá eu tenho que aceitar... (risos)”

A bateria de Jordy Smith, Aritz Aranburu e Simão Romão foi bastante polêmica. Jordy fez a melhor onda do evento, 9,5, mas foi desclassificado por cometer duas interferências, uma em cima de Aritz Aranburu e outra em Simão Romão, mesmo já liderando a bateria. Além desse 9,5 ele tinha uma onda 7,67. Aritz vinha em segundo com 7, 5 e 8,5. Jordy Smith saiu da água bastante chateado e confuso, e não quis falar. Simão Romão explica o que aconteceu:

“ Ele não estava conseguindo ouvir direito as notas, e acho que ele não entendeu que ele estava em primeiro, por que toda hora ele ficava perguntando. Eu estava na onda, ele quis entrar também, acho que estava um pouco nervoso, não sei...”

Aritz fala sobre a interferência cometida sobre ele, anteriormente:

“ Eu precisava passar esta bateria, eu não podia deixar a onda para ele. É a chance que eu tenho, eu não tive um ano muito bom, tenho que fazer um bom resultado. Não penso em prejudicar ninguém só penso em fazer o meu surf. Acho que ele estava um pouco mal posicionado, talvez ele tenha achado que eu estava...”

Na verdade esta primeira interferência não foi aceita por todos os juízes, mas foi computada. Ao cometer a segunda, que foi unânime, como consta do artigo 116 do Rule Book da ASP, Jordy foi desclassificado. Mas ele disputa a repescagem, contra Pedro Henrique.

Na última batera do dia, Bruninho Santos enfrentou Ben Dunn, que passou em primeiro, e Ricky Basnett. Na repescagem ele pega Tiago Pires.

O Round 2 começa nesta quarta-feira, com primeira chamada às 7:30 e promete fortes emoções e muito, muito surf.


Direto da Praia da Vila, com exclusividade para o Câmera Surf, Thaís Mureb.








Nova geração do surf nacional mostra sua força e Wiggolly Dantas é o Rei da Praia.


Wiggolly Dantas e Jádson André decidem o Onbongo Pró Surfing, mas Guigui mostra por que é dono do pico e da coroa de Rei de Itamambuca.


Wiggolly Dantas conhece a sua vala. Local de Ubatuba, ele deixa bem claro que a integração com o pico é fundamental para qualquer vitória. Detentor das três melhores ondas do campeonato, venceu Raoni Monteiro, Hizunomê Bettero e Jádson André, só neste domingo, nomes que com certeza fazem brilhar ainda mais a sua vitória.


Chegando à primeira final num WQS 6 estrelas, ele não desperdiçou a oportunidade.


“ Meu foco este ano inteiro foi pra ganhar esse campeonato. Eu treinei muito e consegui realizar meu sonho de ser campeão aqui. Quando você aprende a surfar num mar e você conhece o pico, vai pegar sempre as melhores ondas...é a vibe. Sempre quando eu chego de viagem, volto pra cá pra repôr as minhas energias e é isso que eu estou fazendo hoje. Repondo as minhas energias e realizando o sonho de ser campeão em casa, com a minha família toda junto... isso é muito bom.” fala Wigolly muito emocionado.


O domingo começou bem cedo, às 7:30. E a praia já estava cheia. A torcida não queria perder os confrontos de seus xodós, Wigolly Dantas e Hizunomê Bettero, que fizeram as duas primeiras baterias do dia.



Guigui enfrentava Raoni Monteiro, campeão da ASP South America 2008 e sabendo que não ia ser moleza já abriu com uma bela direita, comemorada pela torcida a cada manobra e que lhe rendeu 7,17.


Mas parou por aí. Durante toda a bateria Wiggolly não surfou mais nenhuma onda e Raoni dominou até os minutos finais, com 5 e 6,17.


O mar já não apresentava condições tão clássicas quanto no sábado, e as séries estavam bem mais esparsas.


Mas o pico é dele. E ele tem moral. Quando mais precisa, entram as séries. E ele consegue um 5,5 e vira a bateira sobre Raoni, que até tenta dar o troco, mas o mar para ele estava flat.


Mesmo com essa derrota Raoni obtém 1625 pontos, sobe cinco degraus no Ranking, pulando para 21ª colocação, e consegue trocar sua pior pontuação, 1050 pontos.


“ Eu sabia que não ia ser uma bateria fácil. O Raoni surfa muito e estava muito bem neste campeonato. Eu consegui pegar uma onda boa, mas não vinha mais nenhuma. Depois eu peguei uma ondinha, consegui virar, e não veio mais nenhuma também pro Raoni. Consegui passar pra semi final e to amarradão.”


O outro local, Hizunomê também levantou a galera e conseguiu passar por Thiago Camarão, numa bateria que entra para a história, não só pela grande batalha travada dentro d”água, mas por uma cena muito bonita, que quem viu não vai esquecer.


Thiago vinha liderando a bateria desde o começo, com uma onda muito boa, 7,83 e uma média, 5,9. Mas Hizu não se encaixava no pico, e talvez por nervosismo pela falta de ondas, procurava se posicionar melhor no pico, mas conseguiu apenas ondas fracas, a melhor era um 4,17. Precisava de 9,56. Nos últimos cinco minutos de bateria, o mar resolveu ajudar e Hizu pegou duas ondas muito fortes, com excelentes manobras e sobrando nas pancadas de backside. Conseguiu a virada em parcelas, um 7 e um 7,93. Camarão resolveu que a vitória era justa e ainda no mar, desceu da prancha, abraçou Hizunomê e desejou boa-sorte a ele, saindo da água amarradão com a vitória do amigo.


“ O Hizunomê é um grande amigo e está para entrar na elite do surf mundial, então se eu passasse eu ia ficar feliz por mim, mas se eu perdesse eu ia ficar feliz por ele. No final, eu aceitei que ia perder e fui cumprimentá-lo e foi muito legal por que eu senti a vibe... ele estava muito mais emocionado do que eu, se tivesse passado. Mas foi um campeonato muito legal pra mim. Cheguei nas quartas, rolaram boas ondas e eu estou surfando bem, numa fase boa. Esse ano eu não consegui obter resultados muito bons, mas eu estou surfando bem e isso é o que importa. Vou batalhar nos próximos campeonatos e ano que vem com certeza vai ser melhor.” fala Thiago Camarão que está com um surf muito solto e muito potente também, um dos grandes nomes deste campeonato.


Hizu vibrava por ter chegado à semi-final dentro de casa. E ainda enfrentando o também local Wigolly. Ele fala sobre a expectativa sobre sua entrada no WCT e sobre a potência do surf da cidade de Ubatuba.


“ Todo surfista profissional, independente da cidade que ele vem, quer entrar pro WCT. Aqui em Ubatuba já tivemos um atleta, o Tadeu Pereira, que infelizmente teve uma hérnia de disco na época e não pôde representar Ubatuba e o Brasil no WCT. Eu estou indo em busca do meu sonho e se Deus quiser tudo vai dar certo. Vou enfrentar o Wigolly, que é local também, conhece muito bem o pico, vai ser uma bateria bem disputada,vai ficar em casa. Mas sendo daqui ou não, quero ganhar e vou entrar pra ganhar.”


“ A bateria tava muito difícil não vinha onda e eu tava tentando um aéreo por que eu precisava de um high-score e veio uma direita, caí na junção, troquei de borda e abriu uma esquerda salvadora.”


Na bateria seguinte Léo “ Monster” Neves arruma as malas do gringo Josh Kerr, que vinha papando as baterias e despachando muita gente. Mas Léo não quis nem saber e o power-surf falou mais alto.


“ Bateria boa. O Josh Kerr é um cara que pode dar aéreos em qualquer onda, sabia que ia ser uma bateria muito difícil. Peguei as ondas intermediárias, tentei soltar meu surf, não deu pra dar aéreos, mas deu pra fazer um power-surf. Ele não conseguiu completar os aéreos, então ficou fácil pra mim.O mar tá bem difícil, tem pouca onda, mas pro estilo de surf dele tava bom, se ele se concentrasse em soltar um aéreo com certeza ia sair uma boa nota, mas acabou que não veio onda e ele ficou esperando, por que estava com a prioridade. Eu surfei duas ondas enquanto isso, que foram muito importantes. Passei e estou muito feliz.”


Em off Léo brincava com os amigos:


“ Deixar o gringo passar por cima de mim? Aqui em casa não. Bota esse gringo pra ralar...( risos...)”


Jádson André passou por Marcelo Trekinho com um surf de muita precisão. Apenas três ondas e todas elas com bons scores. Trekinho não conseguiu repetir a regularidade e Jádson passou por 12,66 a 8,93.


Jádson apesar da pouca idade é um dos melhores competidores em termos de estratégia, com um surf muito forte e de resultados, sempre usando a prioridade a seu favor e dificultando a vida dos outros surfistas.


“ Semi-final agora, já muito próximo de fazer minha primeira final num WQS seis estrelas. Falta mais uma bateria, contra o Léo Neves, que é um surfista muito forte, experiente, atleta do WCT e eu tenho que me concentrar muito para essa bateria, ver o que aconteceu nesta última para me focar e quem sabe chegar a final e vencer esta etapa.”


Na primeira semi-final, confronto de locais. Guigui Dantas contra Hizunomê Bettero, e a torcida parecia torcer para os dois. Doze minutos de bateria decorridos, nenhuma onda surfada e o head-judge já cogitando a possibilidade de reinício. Mas Wigolly abre a session com um 9, 57, mais uma onda ao seu estilo, surfada durante toda a sua extensão e ganhando força a cada manobra, mais potente que a anterior. Mesmo não conseguindo uma segunda onda boa (durante toda a bateria ele só pega mais uma, 2,67) Hizunomê não consegue tirar a diferença e faz 6 e 1,13. Vitória de Guigui, que deixa a água radiante com o resultado. Hizu, visivelmente triste não consegue nem falar e sai se lamentando muito.


“ Eu dei um gás o campeonato todo, estou em casa e me sentindo muito a vontade. Meu foco o ano todo foi este campeonato, e já estou na final. Vou ficar olhando a bateria agora, dois adversários muito fortes, surfando muito bem... Quem sabe eu não realizo meu sonho aqui em casa hoje? Estou muito focado e é bom todo mundo ficar de olho que vai sair um ubatubense campeão.” já previa Guigui.


Muito se comentou a respeito da eliminação de Hizunomê, já que ele tem chances claras de ingresso para o WCT 2009. Muitas pessoas achavam, inclusive que Wigolly deveria ter facilitado em nome de um objetivo maior. Não que Hizunomê precisasse. Seria mais como um empurrãozinho.


“ É muito difícil essa situação, por que eu sei que o Hizu está disputando vaga e eu fiquei pensando muito nisso dentro d'água. Mas eu estou disputando uma vaga com o Jádson André para o Mundial Pró Junior na Austrália, desejei a ele boa-sorte, mas que venceria quem estivesse melhor nestas condições de mar. Este é um momento de estar muito focado no que se quer.”
Na outra semi a nova geração confirma toda a sua potência e Jádson André não dá mole para Léo Neves e avança para a final, virando na última onda, onde ele manda três manobras animais e consegue 8,5. Jádson sai da água já comemorando muito com os amigos, que entravam no mar para o Air Show.


“ Tem que ter tranquilidade. Eu tinha a prioridade, faltando quatro minutos, e eu fiquei esperando. Veio a onda, eu sabia que era ela, consegui pegar e fazer a nota. Estou muito feliz por que é a minha primeira final num seis estrelas, a do Guigui também e a gente já compete junto desde a época de amador, desde as categorias iniciantes e agora estamos aí... fazendo uma final juntos, WQS seis estrelas, sem dúvida vai ser alucinante.”


E foi mesmo. Wigolly Dantas e Jádson André. Duas potências da nova geração, dois estilos de surf. Ganha o surf brasileiro, que mostra que esta geração está vindo, com Alejo Muniz, Franklin Serpa, Charlie Brown e muitos outros, com fome de títulos e quer ter, num futuro não muito distante, campeões mundiais.


Durante a primeira metade da bateria Jádson vence por uma diferença muito pequena. Tinha ondas 5,67 e 7,83 contra 5 e 7,5 de Guigui, que consegue 8,73 e vira a bateria. Bateria de poucas ondas, Guigui ainda faz um 0,57 e Jádson 0,77.


Dez segundos para o final. As séries riscam o horizonte. Jádson tem a prioridade, tem vontade e vira o bico pra remada, já na regressiva. Se o surfista tira a mão da borda da prancha antes da sirene a onda é válida, e quando termina a bateria, Jádson ainda solta duas manobras muito fortes, jogando água para todos os lados.


Ele já sai da água comemorando e pára na frente do palanque dos juízes aguardando a nota. Enquanto isso, Guigui comemora também, só que no outside, aguardando a liberação do resultado pra saber se vinha de jet-ski ou não, uma tradição para os campeões.


Sai a nota. Uma onda 7,23, que não é suficiente para que Jádson assuma a liderança. A praia vai ao delírio. E Guigui também. Vem carregado pelo jet-ski e chegando na areia é levantado pelos amigos que fazem aquela festa. Vitória de Guigui, vitória de Ubatuba, vitória do surf.


O campeão foi coroado, outra tradição, do Onbongo Pró Surfing, com toda pompa. Com direito a coroa e trono.


" Queria agradecer a Deus e a todo mundo que veio aqui ver o campeonato. Quero agradecer a minha família e aos meus patrocinadores também. Mas essa vitória é para duas pessoas daqui de Itamambuca, que é o Aranha, que está aqui entre a gente agora, e pro falecido Escatena, que a gente está junto com eles e a vitória é para os dois. Está todo mundo aqui junto e essa é a maior felicidade. Esse foi o meu esforço. Eu treinei muito pra esse campeonato e eu precisava dessa vitória neste momento. Um abraço a todo mundo que me apoiou e à galera de Ubatuba.”, discurso do Guigui de agradecimento em meio à lágrimas.


A cada campeonato uma conquista. O fim de mais um ciclo de uma semana. A conquista de um título que será sempre lembrado e de um reinado que dura até o próximo ano.



Direto de Itamambuca, com exclusividade para o CameraSurf, Thaís Mureb.

domingo

Jano Belo orpime havaiano!!!!


O dia era de Jano Belo. Com atuações impecáveis, desde as primeiras baterias do dia o surfista já vinha lançando mão de um arsenal de aéreos de backside e tubos impossíveis.

Deu Brasil X Hawaii na final do WQS. Um clássico do surf, disputado pelo paraibano Jano Belo e pelo havaiano Dustin Barca, atual 14º no Ranking mundial da divisão de acesso. Com um surf de alto nível, o brasileiro oprimiu o gringo desde os dez primeiros minutos de bateria, e não dando a menor chance de reação.

“ Eu não tenho nem palavas pra descrever essa sensação. É um dos dias mais felizes da minha vida. Eu acreditei no meu surf e só tenho a agradecer a Deus. Esse título fica aqui no Brasil!” fala o flamenguista Jano.

Desde a primeira bateria do dia, contra o catarinense Beto Mariano, Jano Belo já vinha dominando com facilidade tirando um tubo de backside já no início da bateria e imprimindo um ritmo muito forte. Foi um tubo muito cavado, onde ninguém acreditou quando ele saiu, já que a onda o tinha engolido completamente. Foi um bom começo. Na última onda da bateria ele, já classificado, completa um aéreo reverso e aumenta ainda mais a sua vantagem. Com este resultado Jano obteve a melhor média das oitavas, 14,83.

“ Eu dropei, de backside, quando vi, o tubo já estava rodando em cima da minha cabeça e a prancha deu uma desgarrada. Mas eu senti: pô, dá pra sair.. Aí eu dei aquela adiantada e a onda começou a ficar mais perfeita, o tubo tava bem deep. Quando eu vi a junção, senti que já tinha saído e foi só comemorar.”

Jano, que saiu do Rio para ter seu carro arrombado em Santa Catarina, num dos primeiros dias de competição, superou todas as adversidades, como a perda do seu equipamento, ainda comentou sobre o que o Beto Mariano havia dito a ele sobre o episódio.

“ Eu dei mole de ter parado o carro um pouco longe, acabei sendo roubado e fiquei muito chateado. O Beto me falou pra eu usar isso como motivação pra ganhar o campeonato, e acabou que a gente caiu na mesma bateria. Mas somos muito amigos, depois da bateria ele me disse: vai lá moleque, vai ser campeão!”

Nas quartas de final, quatro brasileiros e quatro gringos disputavam as quatro vagas das semi. Jádson André, mesmo mostrando um surf muito forte não consegue passar por um inspirado

Dustin Barca, que estava gostando muito do campeonato e da formação das ondas neste domingo.

“ Eu não estou no Hawaii, mas me sinto bastante confortável. As pessoas são bastante receptivas, e o mar hoje amanheceu mais “glassy” (limpo, com a onda mais lisa) e a expectativa é de bom surf e bastante diversão!” animava-se o havaiano Dustin.

Nesta bateria, Jádson ainda proporcionou um dos momentos mais radicais do evento. Ele, que havia buscado outro point-break, precisava de uma onda acima de 7 pontos para virar a bateria e num tudo ou nada arriscou um dos aéreos mais altos já vistos. Ele subiu numa altura de aproximadamente 2 metros de altura, vindo com uma velocidade absurda e jogando a prancha mais do que meio metro acima do lip, para delírio dos fãs das manobras mais modernas e radicais. No entanto, ele não conseguiu voltar e Dustin avançou por 13,83 a 12,67.

O japonês Masatoshi Ohno bateu o garoto-prodígio Halley Batista detentor das melhores nota e média do campeonato. Halley abriu a bateria com um belo aéreo de backside, usando bem o lip e manobrando com muita facilidade, no entanto, Masatoshi tem muita potência nas suas manobras e usa bastante a sua elasticidade, buscando sempre o ponto mais crítico da onda. Não dá chance para Halley, que se despede nesta fase e fica com a quinta colocação.

“ Estou bastante feliz de ter conseguido chegar até aqui e mesmo com tantos bons surfistas conseguir manter a melhor nota e o melhor somatório do campeonato é inacreditável!” comemorava o pernambucano Halley, bastante satisfeito com o resultado.

Masatoshi, que também vai disputar o WQS de Itamambuca estava bastante satisfeito com o seu resultado e com toda essa receptividade:

“ É incrível chegar no Brasil e ter pessoas torcendo por você e te incentivando. É uma sensação muito boa e isso se transmite para o meu surf.”

Márcio Farney papa mais uma bateria, desta vez contra o norte-americano Brett Simpson, atual 23º do Ranking do WQS. Posicionando-se sempre no mesmo pico, atrás das esquerdinhas, mais próximo ao canto do morcego. O norte-americano domina a bateria desde o início e faltando um minuto para o término o cearense consegue um 8,33 e consegue a vaga.

“ Foi uma bateria bem difícil, eu surfei poucas ondas. O mar mudou de ontem pra hoje, deu uma diminuída, e eu acreditei na esquerda que tá me salvando em todas as baterias. E eu estou com a prancha certa, é uma prancha muito boa, que tá andando muito em cima da água.” fala o surfista sobre sua Havenga preferida.

O último confronto das quartas foi um duelo entre amigos, Jano Belo e Adilton Mariano. Os dois são treinados por Robalinho, além de morarem próximos e sempre viajarem juntos.

“ Nessas horas a gente procura deixar a amizade fora d'água, por que senão é complicado. Eu sempre penso em fazer meu melhor surf, independente do adversário.” Palavras de Jano Belo, que estava muito focado para esta competição.

Numa das melhores baterias do dia, os dois vêm disputando manobra a manobra, com Jano Belo optando pelos tubos e Adilton buscando aéreos 360º.

E foi a vitória do surf clássico. Jano sai de outro tubo impossível já rasgando o lip da onda e invertendo o bico da prancha totalmente, conseguindo uma nota 8 e aumentando a sua vantagem sobre o amigo.

A primeira semi-final foi disputada por dois gringos: o havaiano Dustin Barca e o japonês Masatoshi Ohno, com vantagem para o Hawaii. Na segunda semi duelo de brasileiros: Marcio Farney contra Jano Belo.

Farney continua apostando no seu surf de explosão e obtém um 9,33, deixando Jano precisando de uma onda acima de 7. Ele consegue um 7,5 e um somatório melhor, já que Farney não consegue encaixar um segunda onda boa. Foi a vitória da regularidade. Mesmo não obtendo um high-score Jano Belo teve uma atuação mais consistente e foi para a final. E junto com ele o Brasil.

Assim como no futebol tem o Brasil X Argentina, no surf a rivalidade maior fica contra o Hawaii.
Dustin Barca, buscando a sua classificação no WCT, estava bastante confiante e já tenha até feito uns comentários do tipo: “ Brasil X Hawaii?? Com certeza esse título vai pro Hawaii!”

Não desta vez, Dustin.

Representando o Brasil com classe e abusando do estilo de seu surf, Jano Belo oprimiu o havaiano e dominou toda a bateria, já abrindo com uma nota 7 e depois obtendo mais duas ondas 7,5 e uma onda nota 8, o que aumentava ainda mais a sua vantagem. Desde os dez primeiros minutos de bateria Jano já havia deixado Dustin precisando de uma combinação, e mesmo com o havaiano obtendo um 6, 47 e reduzindo essa diferença, o brasileiro se impõe no pico, tendo uma excelente leitura não só das ondas como também sobre o seu posicionamento, o que acabou sendo o fator fundamental para a vitória.

Com bastante segurança, Jano escolheu as melhores ondas e fez o que tinha que ser feito. Com manobras absurdas, no ponto mais radical da onda, ele representou a nação e trouxe o título para o Brasil. E o primeiro WQS da sua carreira.

“ Hoje deu Brasil. Eu estou em casa, a torcida toda me apoiou, essa vibe é o mais importante.”

“ Esse ano eu me foquei mais no Super surf, e não priorizei muito o WQS. Foi a minha primeira final num WQS e obter essa vitória foi o máximo! Agora é ir pra Itamambuca e dar um gás, já pensando no ano que vem, em obter uma classificação melhor. Quem sabe sobra uma vaguinha pra eu correr o WCT, já que eu fui o terceiro no Super Surf. Ia ser uma realização.”

Direto da Praia Brava, com exclusividade para o Câmera Surf, Thaís Mureb.

Thaís Mureb é surfista, skatista e flamenguista, assim como o nosso campeão Jano Belo.

PS: Acredito muito na relevância deste PS devido ao enorme número de pingüins mortos encontrados às dezenas, durante toda a extensão da Praia Brava. Sabemos que a maioria dos pingüins que chegam até o Brasil não conseguem regressar e acabam morrendo, mas tratando-se de um problema endêmico, os órgãos responsáveis devem tomar algumas providências para a manutenção destas vidas, trabalho que já vem sendo realizado em alguns Estados, que devolvem os animais a seu habitat natural.


Fica aqui o apelo não só dos amantes do surf, mas como dos amigos da natureza, de uma maneira geral. Salvem os pingüins!

sábado

Dia de tubos em Itajaí!!!


Depois de uma sexta-feira sem competições, entra o tão esperado swell e rolam altos tubos. Na Praia Brava. Bruninho Santos aproveitou e fez o que sabe.

Conforme já estava previsto entrou o swell na Praia Brava e rolaram altas ondas neste penúltimo dia de competições. Ainda chovia bastante e ventava, o que acabou prejudicando um pouco a formação e deixando as ondas mexidas e os point-breaks espalhados, mas o bom tamanho e a constância das séries permitiram um show de surf dos prós aqui no Maresias WQS Surf International.

No Round dos 48 melhores foram eliminados Vitinho Ribas, Pedro Henrique, Tânio Barreto, Peterson Rosa, Charlie Brown, Yuri Sodré, T.J. Barrow, Tiago Camarão, Guliherme Herdy, entre outros, elevando ainda mais o nível da disputa.

Além das 12 baterias deste Round, ainda foram realizadas mais 8 baterias do Round dos 24, totalizando 9 horas de competição, num dia bastante puxado para os surfistas.

Como diz Bruninho Santos, “ faça sol, faça chuva, o importante são as ondas...”

E como elas rolaram os surfistas não deixaram por menos e elevaram a temperatura com show de manobras e tubos.

Halley Batista tira o tubo mais longo do dia e que lhe rende a maior nota do campeonato, um 9,7, superando o 9, 33 de Márcio Farney. Gilmar Silva tira um belo tubo também, e Jihad Khodr tira vários, numa bateria contra Márcio Farney onde os dois ficaram disputando a primeira posição onda a onda.

Márcio, que tem mostrado uma excelente regularidade, vem se destacando com seu surf potente e bastante expressivo.

Na primeira batera do Round 4, Dustin Barca avançou mais um pouco rumo ao WCT, levando com ele Renato Galvão. Dustin é um dos poucos gringos com chance de classificação no WCT que optaram por disputar a perna brasileira e ele explica por quê:

“ Eu estou somando pontos para tentar entrar no WCT em 2009, e também quero disputar esta etapa do WCT no Brasil. Então além de ficar mais próximo, eu posso conhecer melhor as ondas, para treinar nelas e conseguir um melhor aproveitamento”. Sobre o campeonato, Dustin diz: “ Eu sempre gosto de competir no Brasil, os campeonatos são bastante agradáveis e com um clima muito bom. Me divirto bastante...”

Jadson André, mostrando um surf muito veloz e muito moderno, quebrou as valas e avançou para as oitavas, junto com o sul-africano Warwick Wright. Jádson adotou uma estratégia diferente dos outros surfistas e se posicionou numa vala mais afastada, mostrando que a leitura do mar e a escolha do pico certo podem ser as vezes tão importantes quanto as manobras.

“ Foi uma bateria bastante difícil, eu procurei me posicionar mais afastado, mais para a esquerda, até fiquei com medo de os juízes não conseguirem ver minhas ondas.”, fala Jádson como se fosse possível não enxergar o surf que ele vem apresentando. “Amanhã começa a melhor fase, né...a que todo mundo espera, a mais disputada. Eu to amarradão de ter passado e na maior expectativa.”

Perguntado sobre o show do Marcelo D2, que acontece hoje, numa parceria da boate Kiwi com a organização do evento, Jádson explica como é a vida de um profissional:

“ É sair daqui, ir pro hotel e dormir cedo. Concentração máxima para amanhã. Show pra mim ainda não...”.

O japonês Masatoshi Ohno e o australiano Corey Ziems venceram Marco Pólo numa bateria onde os dois primeiros terminaram empatados e passaram por uma diferença de apenas 6 décimos em cima do brasileiro.

Halley Batista, que já havia obtido a melhor nota da competição com um tubo, continuou a sequência de bons resultados e passou adiante. O norte-americano quis fazer a sua graça também e tirou um tubo bastante longo já na sua primeira onda, o que lhe rendeu um 9,33 e a primeira colocação durante toda a bateria. Jihad Khodr não conseguiu avançar, perdendo para Guilherme Ferreira por 4 décimos e saindo da água bastante chateado.

Outro que não avançou foi Raoni Monteiro, que foi barrado por Gilmar Silva e pelo excelente desempenho se Márcio Farney, que papou mais uma bateria.

Raoni se despede da competição na 17º posição, somando 2.000 dólares e mais 1125 pontos.

Adilton Mariano, Beto Mariano e Bruno Galini também travam uma belíssima disputa, com os dois “ Marianos “ levando a melhor.

E a medida em que s surfistas tiravam tubos, crescia a expectativa sobre a performance de Bruninh Santos, campeão do WCT em Teahupoo e conhecido tube-rider.

Meio-tímido, sempre demostrando muita humildade, ele fala sobre essa expectativa:

“ Estão rolando uns tubinhos, geralmente pra direita. Vou ver se eu consigo achar um buraco ali pra mim nas esquerdas...”

E não deu outra.

Na última bateria do dia tivemos um excelente confronto, entre o tube-rider niteroiense, Jano Belo e Guga Fernandes, campeão do Super Surf.

Cada um com um estilo diferente de surf, cada um demostrando mais a cada manobra e Jano Belo liderando a bateria, surfando com muita pressão e não dando chance para os outros dois surfistas o alcançarem.

Foi quando aconteceu.

Bruninho dropou e viu que dava. Pra esquerda, do jeito que ele gosta.

“ É mais uma questão de ler a onda. Quando eu dropo e vejo a janela, já é até natural. Não sei se e por que eu fui criado em Itacoatiara, mas qualquer buraquinho que eu vejo eu já quero entubar. Eu vi que dava pra mim, eu estava no lugar certo e quis tirar o meu também.”

Mesmo com o frio que estava, valeu a pena esperar.

sexta-feira

WQS- Canárias, San Juan


Enquanto o Maresias WQS aguarda a chegada de ondas, estamos de olho no WQS em San Juan e trazemos as últimas notícias do que rola por lá...

Esta etapa teve o início marcado pelas fracas condições do mar, com as ondulações em torno de meio metro, onde a organização do evento optou por não realizar as baterias do Round 2 enquanto o mar não apresentasse melhoras. O swell já estava confirmado para sexta-feira, 17/10, à noite, mas com previsão que na parte da manhã já entrasse as primeiras ondas.
E foi o que ocorreu.

Nesta sexta-feira, as ondulações já estavam com mais ou menos um metro de série, o que permitiu o reinício das competições. As bancadas de Lanzarotes North Shore são conhecidas por suas esquerdas bastante consistentes, e os surfistas decidiram que valia a pena dar crédito a este swell.

No primeiro Round avançaram Jean da Silva, que foi o primeiro da sua bateria e conseguiu uma boa diferença na média com os outros competidores, e Ricardo dos Santos. Jean que havia tido um problema pois as suas pranchas ficaram retidas em Madri, estava se sentindo muito confiante por ter conseguido reavê-las.

“ Nos últimos três meses eu tenho feito um treinamento muito forte e específico para este campeonato. Eu estou bastante confiante e espero conseguir os 3.000 pontos”, disse Jean.

Os outros brasileiros entraram já no segundo Round e conseguiram avançar também, ficando apenas Pablo Paulino e Marco Giorgi.

Heitor Alves despachou seus adversários sem muitas dificuldades, e Rodrigo Dornelles também foi o primeiro na sua bateria. Simão Romão, campeão do WQS no Arpoador, apresentou um bom surf e classificou-se em segundo, batendo Kyle Knox e avançando rumo ao WCT.

Simão tem 9.600 pontos e está na 18ª posição, já obtendo 975 pontos com essa classificação. O atual líder, Nathaniel Curran possui 3.200 pontos, e os brasileiros Hizunomê Bettero, Jihad Khodr e Pedro Henrique estão na cola.

Hizunomê não conseguiu avançar, mas continua na disputa já que ainda acontecerão etapas 4 e 6 estrelas Prime, no Hawaii.

Ainda no segundo Round, Léo Neves e Jean da Siva, disputam a mesma bateria, deixando os gringos Dane Gadauskas e Cristophe Allary nesta fase e sentindo a força do surf brazuca.

Na próxima fase, Heitor Alves pega o norte-americano Patrick Gadauskas, atual 4º no Ranking.


A torcida é para que Heitor não só avance mais uma fase, mas também elimine um concorrente direto dos brasileiros numa vaga para o WCT 2009.


Texto: Thaís Mureb

Fonte: www.aspeurope.com

quinta-feira

Notícias da Seleção


Direto do Maresias WQS Surf International, surfistas falam sobre futebol, Seleção Brasileira e sobre o 0X0 contra a Colômbia.

Nem só de surf vivem os surfistas. O esporte, adorado por 9 entre 10 brasileiros, também tem sua vez entre os surfistas, que não só acompanham seus times, como também mostram que entendem do riscado, arriscando palpites, além de claro, a famosa pelada da galera.

Sobre o último jogo, muitos comentários a respeito, mas nem sempre culpando o técnico Dunga, que tem sido muito criticado pela torcida.

“ A culpa não é do Dunga, né...o que acontece é a falta de treinos. Os caras só se reúnem de vez em quando, e treinam pouco juntos. Se você pegasse, o atual líder do campeonato brasileiro, acho que é o Grêmio, com certeza o resultado seria melhor por que o time está mais entrosado. As últimas eliminatórias têm sido sempre assim, meio no sufoco, mas chega na Copa, ganha o primeiro jogo, vai embalando, jogando mais tempo junto, fica concentrado...” opina o nosso comentarista esportivo Fabinho Gouveia.


Nesse momento, Bernardo Pigmeu, invade a entrevista e é categórico:

“ A Seleção tá horrível assim, tem que mudar o técnico e o time também.”

Jano Belo também não se anima:


“ Nem assisti o jogo. Ainda bem que eu fui dormir, se eu tivesse ficado acordado pra ver esse 0x0 ficaria revoltado.”

Pedro Henrique concorda que o resultado foi decepcionante, mas explica as condições.

“ É difícil criticar, por que eu sei como é isso. Ás vezes você treina, se prepara e chega na hora mesmo dando o máximo não consegue render o esperado.”
Jádson André vai mais longe e escala sua própria seleção, dando vagas para algumas estrelas do futebol mais conhecidas por suas habilidades como surfistas.

“ Tinha que escalar eu e o Pedro Henrique na frente, Gilmar Silva e Danilo Costa na zaga, coloca o Pinga no gol, que ele é grande.. Na lateral bota o Mineiro e o Raoni, que os caras correm muito, que isso! Ah, bota o Fabinho Gouveia lá atrás também...”

E quem seria o técnico dessa galera?

“ É... tira o Raoni da lateral, o técnico tem que ser ele.”, brinca Jádson, que torce pelo ABC de Natal e pelo São Paulo, mas gosta do Flamengo.

Fabinho se esquiva da convocação e explica que não é salto-alto. “ Eu até gosto de jogar mas não posso mais não, principalmente por causa dos circuitos. É complicado, por causa das contusões, da demora pra recuperar, mas volta e meia eu jogo, morro de vontade... Ano passado a gente bateu uma pelada no WCT de Imbituba, tinha um campinho na pousada, até chegou o Gustavo Kuerten pra jogar, mas não deu pra mim, não. O cara é muito alto e na área eu não consegui levar uma.”

Todo mundo tem seu dia de Dunga.

Direto da Praia Brava, Thaís Mureb


Thaís Mureb é flamenguista e escalaria Pedro Henrique e Jádson André para o ataque da nossa Seleção.

Terceiro dia de competições interrompido por falta de ondas.


Formação é prejudicada pelo vento Sul, mas a previsão é de entrada do swell no sábado com o vento Sudeste, que proporciona altas ondas na Brava.

Nesta quinta-feira, 16/10 as competições foram interrompidas as 10:30 devido à fraca ondulação, que prejudicou bastante a performance dos surfistas. Muitos tiveram que optar pela utilização de um outro equipamento, optando por pranchas menores e maroleiras.

“ Eu troquei de prancha, peguei uma prancha nova,uma 5'10, menor, mais larga, por que quando tá pequeno eu não to conseguindo andar muito, então meu shaper fez essa prancha específica para essas condições”, explica Jihad Khodr, que virou sua bateria na última onda, surfando até a areia e enterrando as quilhas, o que lhe garantiu o segundo lugar e a classificação para a próxima fase.

“ Fiquei triste bateria toda, desanimado por que não conseguia pegar uma onda boa, mas a bateria só termina quando o juiz apita e graças a Deus veio uma boa pra mim e eu consegui virar.”

O norte-americano Shaun Ward também avançou, mostrando um surf bastante consistente, mesmo nas merrecas, e foi para o próximo Round junto com Danilo Costa.

“ É complicado, o mar não está muito legal, mas ainda é divertido do mesmo jeito. Eu mudei minha prancha, troquei por uma menor, uma 6'1, que se adapta melhor a essas condições.”
Houve uma nova chamada às 13:30 e o mar já havia dado uma melhorada, mas as ondas continuavam pequenas e esparsas.


O cearense Márcio Farney se destacou e consegui fazer a melhor nota e a melhor média do evento, com ondas 9,33 e 8 pontos, num dia onde foi muito difícil obter um high-score. Com esta pontuação ele avançou, juntamente com Dunga Neto e despacharam o local William Cardoso.

Também avançaram Brett Simpson, atual 20º colocado no ranking, Beto Mariano, T.J. Barrow,

Bruno Rodrigues e Bruninho Santos, que conseguiu fazer uma bateria regular e passou na primeira colocação.

Raoni Monteiro enfrentou Messias Félix e Thiago Camarão, levando melhor sobre o primeiro e ficando na segunda colocação, numa bateria bastante disputada onde os surfistas decidiram nos últimos segundos, quando entrou uma série.

“ É sempre difícil enfrentar surfistas como o Messias e o Camarão, principalmente nestas condições. Quase perdi a classificação nas últimas ondas, e da próxima vez eu vou ficar mais atento.”

Raoni atualmente é o 16º no Ranking, com 9.775 pontos e está na briga por uma vaga no WCT do próximo ano.

Adilton Mariano também foi para o Round dos 48 melhores surfistas, e com ele Bruno Galini, que após as baterias, aproveita o espaço e faz sessões de fisioterapia.

Jerônimo Vargas faz uma bela bateria, com um somatório de 16,07 e supera Bernardo Pigmeu , Fabinho Gouveia e Davi do Carmo, os dois últimos se despedindo do evento.

A última bateria do dia foi paralisada faltando 11 minutos para o término, e o sul-africano Antônio Bortoletto, marca 11,5 pontos enquanto os outros surfistas todos estão com menos de 5 pontos de média. Foi uma bateria já no final da tarde, com as condições bastante prejudicadas pelo vento Sul forte e pela chuva.

A organização do evento optou então por finalizar esta bateria a penultima do Round dos 96, para esta sexta-feira, com primeira chamada às 7 horas.

Ainda neste Round, na bateria 24, o campeão do Super Surf, Guga Fernandes, é o cabeça de chave, junto com Chad Compton dos Estados Unidos. Eles enfrentarão Jano Belo e Cauê Woods. Guga já deve estar ansioso para cair no mar, após três dias de evento.

A espera é pela entrada do swell, neste sábado, quando estão marcadas as baterias finais do campeonato. Mas já nesta sexta feira o mar deve apresentar condições melhores, assim que passar a tempestade.


Direto da Praia Brava, Thaís Mureb.

Pedro Henrique adoece e não vai para as Canárias.

Atleta carioca já classificado no Maresias WQS Surf International na Praia Brava.

A princípio, Pedro Henrique iria disputar o WQS 6 estrelas Prime na praia de San Juan,Ilhas Canárias, mas um imprevisto o deixou de fora do campeonato, e o surfista optou por disputar a etapa de Santa Catarina, pois seria menos desgastante.

Já visando a outra etapa da “perna brasileira”, semana que vem em Itamambuca, o atleta veio para esta competição com o intuito de somar pontos e não perder colocações para os atletas que estão no evento Prime e entrou no lugar de Kiron Jabour que não veio para o evento.

“ Na segunda-feira eu fiquei muito mal, acabei indo pro hospital. Ainda bem que eu consegui entrar neste evento por que assim eu não perco tantos pontos em relação aos outros competidores.”, explica Pedrinho.

Atualmente, Pedro Henrique é o décimo-terceiro colocado no Ranking e segundo brasileiro melhor colocado, atrás do paulista Hizunomê Bettero e empatado com o paranaense Jihad Khodr.

Se o WQS terminasse hoje, os três atletas estariam classificado para o WCT 2009, no entanto correm por fora os também brasileiros Raoni Monteiro, Pablo Paulino e Simão Romão, que vem embalado pela última vitória no Arpoador.

Além destes dois eventos 6 estrelas no Brasil, ainda serão disputadas este ano etapas 6 estrelas e 6 estrelas Prime, o que significa muitos pontos ainda em jogo.

Simultâneo ao Onbongo Pró Surfing em Itamambuca será disputado um 6 estrelas na praia de Carcavelos, em Portugal e dois 6 estrelas Prime, ambos no Hawaii. O primeiro será o Reef Hawaiian Pró, de 12 a 24 de novembro, na praia de Haleiwa, Oahu e o outro será o O' Neill World Cup of Surfing, de 24 de novembro a 06 de dezembro, em Sunset Beach, também Oahu.
Pedro Henrique já está classificado para a próxima fase e enfrenta o brasileiro Tânio Barreto, o sul-africano Warrick Wright e o havaiano Dustin Barca.

Direto do Canto dos Morcegos, na Praia Brava.

Bate – Papo com William Cardoso, local de Balneário Camboriú e campeão do último Oakley Santa Catarina Surf Pró.




Topei com William Cardoso nos bastidores do Maresias WQS International e o anfitrião fala um pouquinho sobre como é disputar uma competição em casa, sobre sua polêmica bateria nas semi-finais contra Simão Romão, no último WSQ e sobre seu novo apelido: Panda.


“ Este ano já começamos o evento bem, por que no ano passado não tivemos um primeiro dia muito bom...” recorda William. “ Ontem estava com uma formação excelente, a galera quebrou altas ondas. Final de tarde entrou um vento Sul e prejudicou um pouco a formação. Hoje de manhã, com a entrada do terral a previsão é que o dia seja melhor. Ainda não tá muito legal por causa da maré seca, mas assim que encher com certeza vai rolar altas ondas aqui, durante a semana toda...”



“ Ano passado eu terminei em 48º, mas esse ano eu estou um pouco melhor. Eu estive machucado, fiquei fora durante três meses, mas estou vindo de uma seqüência muito boa resultados, fui campeão no WQS, na Espanha, em Setembro, cheguei nas semi, agora no Arpoador, então eu to vindo forte aí pra subir mais posições.”


Sobre o apelido:



“ A gente tava na Europa competindo, eu o Pedro Henrique e o Robson Santos, em Hoosegor na França,vendo aquele filme do Panda...de madrugada, eu tava fazendo muito barulho dentro da cozinha e eles começaram a zoar...pô, panda...tá foda...(risos...)Um dia eu tava num programa e a Diana (Bouth) liberou ao vivo e todo o pessoal do surf fica me chamando de panda. Mas eu já tive vários apelidos, os caras sempre me gastam falando que eu sou o Shrek...Mas tá tranqüilo, não tem problemas não...”
William ainda agradece o apoio da galera, não só de Balneário Camboriú, mas de todo o Brasil, que torce por ele.



“ Durante a última semana, no Arpoador, eu recebi muita mensagem maneira, principalmente depois que eu tive uma das baterias mais polêmicas do campeonato, talvez a mais polêmica do ano. Foi meio difícil de engolir. Mas eu sei do meu potencial, sei o que eu posso fazer em cada bateria Então eu quero agradecer a quem torce por mim e dizer que eu to dando um gás pra ir pro WCT e elevar o nome de Balneário Camboriú, realizando o sonho de muita gente.”
Sobre a polêmica bateria contra o carioca Simão Romão, a critica não é pessoal e nem ao surfista. A questão é que o julgamento das ondas e manobras acaba sendo subjetivo, e os critérios as vezes não são totalmente entendidos nem aceitos.



“ Eu fiz o meu papel e o Simão fez o dele. Cada um buscou fazer as suas duas melhores ondas. Mas a bateria já começou meio estranha, por que na bateria anterior eu não tinha surfado tão bem e as notas estavam maiores. Eu fiz uma primeira onda muito boa, mas eles deram um 5, 5. Eu acabei não entendendo por que eu tava seguindo uma linha de surf, e as notas estavam vindo mais altas... Mas eu ganhei um campeonato aqui na segunda-feira, e to bastante focado para esta competição e para a bateria de amanhã.”



William ainda comenta sobre seus amigos e pra que está torcendo, além dele, claro.
“ Ah, a gente sempre viaja muito e acaba fazendo muitos amigos... Torço por eles, Alon Campestrini, Marcos Pastro, mas nesse evento específico eu estou torcendo pro Pedrinho (Henrique). Ele tá na porta do WCT e não pôde ir pras Canárias, então eu quero muito que ele se dê bem e some pontos. Eu sempre viajo com ele, e agora estou na torcida!”



É o espírito do Surf.





Direto do Canto do Morcego, na Praia Brava, Thaís Mureb, exclusivo para o Câmera Surf.

quarta-feira

Swell bomba no Arpoador e Mineirinho pede pra entrar.

Conforme o previsto o mar subiu nesta quinta-feira, dia 09/10 e deixou o Arpoador com condições clássicas, ao nível do evento.

Mineirinho, que havia ido à praia bem cedo para um surf-treino, se animou com as condições e pediu para entrar já no primeiro Round.

"Eu vim treinar de manhã, estavam rolando umas valinhas, eu até me animei. Saindo do mar eu cruzei com o Roberto Perdigão, da ASP, e perguntei pra ele se tinha uma vaguinha pra mim. Ele falou que na primeira bateria do dia só tinham três atletas, e eu vim competir. Na verdade, eu nem tava direcionado pro evento não, estava mais focado em Mundaka. Mas é um evento do patrocinador, aqui no Brasil, com os meus amigos, sem pressão nenhuma...cheguei, tinha altas ondas, me animei. Eu quero é surfar. Se eu tiver no mar tá bom." fala Adriano Mineirinho
.
Nesta bateria, além dele, quem avançou também foi Bruno Rodrigues, deixando Diego Rosa e Fabrício Junior.

Vitinho Ribas, local de Cabo Frio, mostrou que também sabe tudo de Arpoador e avançou junto com Thiago Camarão.

" Foi bom eu ter vencido essa bateria porque é a primeira, é bom que quebra o gelo do campeonato. Mas eu caí com uma prancha um pouco pequena hoje e não consegui tirar notas altas, ms o importante é que eu passei. Agora é ir acompanhando o mar..." declarou Victor após a vitória.

Jerônimo Vargas e Ricardo Ferreira também seguem na disputa, assim como Rafael Padilha, que venceu Bruno Santos numa bateria em que o niteroiense só se classificou por que João Gutemberg foi punido devido à uma interferência.

" A bateria não foi muito boa pra mim, eu não consegui achar boas ondas. No final eu consegui pegar uma razoável, um 6 e pouco e contei também um pouquinho com a sorte, por que teve uma interferência, e eu passei. Quero engrenar para a próxima..." comenta Bruninho sobre a sua bateria.

"To amarradão..." fala o também cabofriense Rafael Padilha."É meu primeiro WQS e eu já consigo passar em primeiro, pegar boas ondas... Tô muito feliz e quero ver se eu chego mais longe."

Avançam para a próxima fase ainda: Flávio Costa, Yan Guimarães, Flávio Tavares, Davi do Carmo, Jorge Spanner, Michel Gratz, Flávio Nakagima e Jihad Khodr.

Michel Roque e o americano Patrick Gadauskas despacham, já na primeira bateria do Round dos 96, o campeão do Super Surf, Guga Fernandes e Peterson Rosa, o campeão da última etapa.

"As ondas estão boas, é muito divertido surfar nestas condições. O Michel está surfando muito bem, pegou altas..." fala o gringo Gadauskas.

Alejo Muniz faz bonito e passa sua bateria, deixando o local Simão Romão em segundo e Jano Belo para trás.

"Tem altas ondas hoje aqui no Arpoador, de alto nível. Eu tô aqui desde domingo, treinando bastante, no começo eu estava me adaptando, mas eu consegui achar um prancha boa minha, uma Ricardo Martins,ontem ela quebrou, mas eu já pedi pra consertar, e a prancha tá perfeita." , declara Alejo amarradão. " Queria pegar o Mineirinho em alguma bateria, pra ver o que ele faz, se eu aprendo um pouco com ele. É muito bom o nível desse campeonato, que a galera da nova geração se inspira..."

Marcos Pastro e Nathan Yeomans avançam barrando Marco Polo e Shey Yates. Pedro Henrique avança com Adilton Mariano.

" Procurei pegar logo duas ondas boas de início, pra não ficar dependendo no final da bateria. Achei essa prancha aqui no meio de umas pranchas velhas.Eu troco 1100 pontos e para conseguir trocar tenho que conseguir pelo menos a nona colocação.", faz as contas Pedro, de olho no WCT.

Austin Ware obtém a maior média do campeonato, superando os 9, 17 de Mateus Toledo, e avança junto com Marcelo Bispo, que também quebra a vala.

Odirley Coutinho não consegue ir além, barrado por Thiago Souza e pelo aussie Dion Atkinson.
Jean da Silva também se despede, passando Igor Morais e Beto Fernandes.

Classificam-se ainda Pablo Paulino e Márcio Farney, Wigolly Dantas e Adam Robertson, William Cardoso e Yuri Sodré, o alemão Marlon Lipke e Guilherme Herdy, Mateus Toledo e o australiano Drew Courtney e André Silva, juntamente com o havaiano Dustin Barca.

A competição foi interrompida na 14ª bateria do Round dos 96, reiniciando nesta sexta, dia 10/10, com primeira chamada às 7:30.

É esperar mais um dia de altas ondas, surf de alto nível e muita confraternização, bem ao clima do Arpoador.

Como diz o " dono de tudo ", o anfitrião Simão Romão:

" É minha felicidade máxima esse campeonato aqui, onde eu aprendi a surfar...com toda minha famílias, meus amigos... Quem quiser pode chegar, fique a vontade, sintam-se em casa!"

Entrevista com Adriano Mineirinho


Apesar de não ser mineiro, ele possui esse apelido pelo jeito quieto de ir papando as baterias aos poucos e passando despercebido. No entanto tornou-se este atleta fantástico que é o melhor brasileiro no WCT e apontado por especialistas e fãs como o primeiro surfista brasileiro com potencial real de ser campeão do Circuito Mundial, e em breve.
A seguir Mineirinho fala de coisas importantes, tais como: ser uma pessoa extremamente competitiva, sentir o feeling do surf mesmo depois de tantas competições e é claro, o que ele acha dessa história de ser “ o cara”.

WCT:
“ Eu sei as coisas que me faltam para ser campeão mundial. Eu não vou dizer aqui quais são, mas eu sei. Esse é o segredo. Quem tá ligado no WCT sabe do que eu estou falando, que existem coisas essenciais para ser um campeão, e eu to correndo atrás disso, pra quem sabe ser o primeiro de uma geração que tá vindo, muito forte. Eu sei que esse é o meu caminho e é isso que eu quero.”

2008:
“ Tá sendo um ano incrível. Eu consegui mostrar o que eu queria, em todos os eventos e fiz tudo que eu sempre sonhei. Estar entre os Top 5, hoje eu estou nesta listagem mais ainda tem dois eventos, eu tenho que correr atrás se eu quiser manter isso. Eu vou aproveitar esse evento em casa e não vou deixar me tirarem isso, de ser um Top 5 por que é uma coisa que eu sempre quis na minha vida, que eu sempre sonhei. Ano passado eu tava em 28º, brigando ali nas últimas posições pra eu me manter, e hoje eu estou brigando pelas primeiras,isso em questão de meses,então é difícil me adaptar a isso. Mas eu estou tendo um apoio muito forte do meu patrocinador, do meu manager, muitas pessoas que estão me dando suporte e que acreditam e estão felizes com o meu trabalho. Tô muito feliz com esse ano e acredito que o ano que vem vai ser melhor ainda!”, fala Mineiro bastante esperançosos quanto aos resultados para o WCT 2009.

Top 5:
“ Pra mim é até difícil de entender, é muito bom..As coisas na minha carreira sempre aconteceram muito cedo...Fui campeão Mundial Pró Junior muito cedo,fui campeão do WQS muito cedo...
Eu entrei no WCT muito cedo e por isso eu não esperava essa posição assim,tão cedo. Mas eu quero é me divertir, e aproveitar muito esse momento de hoje. Não quero mais perder nenhuma oportunidade, eu já perdi algumas oportunidades, nos primeiros anos de WCT, então esse ano eu estou focando muito isso, não perder as oportunidades e aproveitar tudo o que vier!”

Mudança para os EUA:
“Eu tomei uma decisão ano passado, de me mudar para os Estados Unidos, mas é uma questão muito difícil. É um projeto de um atleta brasileiro morando fora, isso ainda não tinha acontecido e eu estou tomando essa iniciativa, de ter uma melhor qualidade de vida, viajar menos, por que o circuito cansa muito. Então se eu estiver em Los Angeles, por exemplo, todos os aviões saem de lá, então eu vou viajar menos. E não só pela qualidade de vida e pelas viagens, mas eu quero me aproximar da Língua Inglesa, falar como um americano ou um australiano, que predominam no circuito mundial, é a língua mundial. Então pra mim vai ser muito bom, ter essa nova experiência. E também pra me focar, só pensar em surf. Aqui tem família, amigos pra ver, contas pra pagar...Lá não. É só surf, surf e WCT.”

Kelly Slater e Mick Fanning:
“ Me espelho no Kelly Slater, não só como atleta que ele é, mas fora d'água também ele é um cara totalmente...(pausa) perfeito...Eu não vou falar que ele é um Deus e tal, mas ele é um cara totalmente perfeito, que passa uma imagem totalmente clássica, totalmente pura do surf e isso é muito legal. O jeito como ele se porta no circuito mundial, o jeito que ele compete, o jeito como ele sai da água é um exemplo a ser seguido, ele é o cara. O Fanning pra mim é determinação, por que não é fácil vencer o Kelly Slater. Então ele demonstrou pra todos que basta ter determinação pra conquistar o título,nada é impossível e foi isso que o Mick Fanning mostrou para o mundo.”

Free-Surf X Competições:
“ A competição tá no meu sangue. Eu vejo um campeonato, eu sou competidor, então eu quero competir e ganhar, eu quero entrar pra ganhar. Que foi o que aconteceu aqui. Eu quis aproveitar o evento, ainda mais aqui, no Arpoador, onde tudo começou aqui no Brasil, os primeiros caras que surfaram, surfaram essas ondas, nessa praia, então nada melhor que um evento do meu patrocinador aqui. Agora o free-surf pra mim, é aquela coisa de estar dentro d'água. Quando eu estou na água eu esqueço de tudo,eu esqueço do mundo. O contato que eu tenho com o oceano é sem palavras, é até difícil de descrever. Quando eu entro no mar e pego a prancha eu me sinto uma pessoa melhor, uma pessoa mais contente, não sei por quê e nem como descrever isso.”

Surf no Brasil:
“ O surf no Brasil é muito novo. O Gouveia que abriu as portas de tudo,que elevou o surf do Brasil ao nível mundial e eu fico até triste de ver que as pessoas não reconhecem nomes como o Fabinho, como o Petersburgo, como o Guilherme, que foram pessoas que abriram as portas pra essa geração de hoje, que sou eu, o Hizunomê...Nos EUA, na Austrália o surf tem um reconhecimento muito maior. No Brasil esse reconhecimento está crescendo, eu vejo essa evolução. Muitas marcas internacionais estão investindo nos atletas de base, nessa molecada...e tem que acreditar nesta formação por quê daqui que vem o campeão

Nova Geração:
“ O que eu tento deixar pra essa galera que tá vindo aí, e que é muito forte é treino, muito treino e surf. Pra mim as coisas foram muito difíceis, então todas as oportunidades que eu tive eu segurei com muita força. E eu nunca desacreditei, sempre trabalhei com muita força...e tudo começou muito cedo, hoje eu sou muito maduro em relação a isso. O que eu quero passar é, profissionalismo é tudo, e é o único caminho para se chegar a um Kelly Slater. O que eu quero passar para essa molecada é isso.”


Carreira:
“ O melhor da minha carreira é que eu nunca passei por cima de ninguém. Consegui tudo com o meu próprio esforço e sem deixar a minha felicidade de lado.”


Surf:
“ Felicidade máxima. Paz, poder, saúde e transpiração.”


Trabalho:
“ Nunca trabalhei. Meu irmão é militar e sempre falava pra mim...ó, tô trabalhando pra você surfar, hein...(risos). E eu sempre aproveitei isso.”


Backside ou Frontside:
“ Tanto faz. Se eu tiver no mar tá bom!”

Simão Romão quebra a vala e me leva as láaagrimaas...putz!!! ESPANCOU!!!


Uma cena que por muito tempo será difícil de ser esquecida. Assim pode ser definida a vitória de Simão Romão no seu quintal, debaixo de aplausos da galera e até algumas lágrimas.
Tudo começou há dois anos atrás. Com um sonho. Um sonho que foi realizado. Com muito suor e muito surf.


“ Eu tive um sonho, cara...há mais ou menos uns dois anos atrás...já até comentei com alguns amigos. No sonho tava tendo um campeonato no Arpoador, um campeonato importante,eu não sei qual era, a praia tava cheia... Eu ganhei esse campeonato e fui lá na pedra e fiz isso que eu fiz. Ainda não caiu a ficha. É incrível você sonhar e depois acontecer...”


E o que ele fez foi mais incrível ainda. Um pouco nervoso nas primeiras baterias ( “Eu sempre fico nervoso na primeira, é normal...”), Simão foi evoluindo a medida que ia avançado no campeonato, e como já era de casa, foi um anfitrião perfeito e proporcionou um show para seus convidados.


Na primeira bateria das quartas de final, contra Bernardo Pigmeu, Simão já estava à vontade. E Até demais.


“ Vou fazer meu surf, eu pensei. Esperei oito minutos, peguei ela lá fora, saí rasgando e vim fazendo...ela abriu toda, não tinha nem como...só vim surfando...”, fala ele modestamente sobre seu 9,17 na primeira onda surfada da bateria.


“ No começo do ano no Super Surf lá na Joaquina, eu tinha um 9,80 e mesmo assim perdi pro Leandrinho (Bastos), então eu procurei ficar tranqüilo, mas não tanto...Tem que ser sangue-frio ao extremo, respirar fundo e esperar a boa...”


Sobre o uso da prioridade, escolhendo ondas que poderiam ser boas para o Bernardo e impedindo-o de virar a bateria, ele comenta:


“ Eu ficava esperando sair as notas dele pra saber se precisava pegar outra onda ou não. Como eu tava na frente e ainda tinha a prioridade, eu fiquei esperando a onda certa, por que aí eu ia acabar com a bateria. E foi o que eu fiz.”


Nas semi, Romão enfrentou outro brasileiro, o único além dele ainda na competição, Williamsita Cardoso, numa bateria muito difícil e disputada, onde as séries estavam mais esparsas e, faltando apenas um minuto, William Cardoso liderava a bateria, deixando Simão precisando de uma nota acima de 6.Veio uma onda lá no costão, Simão mostrou que conhece seu pico e virou,vencendo por uma diferença de apenas 10 décimos.


Sobre a onda salvadora ele fala:


“ Com certeza foi Deus...É aniversário do meu pai hoje...é por ele e pelo meu filho.”
Com essa vitória, Simão já trocava seu pior resultado, 750 pontos, trocando por 1300 e indo a 10.300 pontos, ficando, no ranking, atrás do também brasileiro Hizunomê Bettero, que está na décima-primeira colocação.


O sul-africano Greg Emslie e o tahitiano Michel Bourez fizeram a outra semi final.
Ganhando um ou outro a batalha de Simão não seria nada fácil. Greg Emslie passou dando show, com uma onda 8 e uma 8,5. Pedra no caminho do local Simão.


Havia uma pedra no meio do caminho, e ela tinha o carimbo do WCT. Mas ele não quis nem saber.


“ Vai ser difícil enfrentar o Simão. Ele é um garoto local, tem um surf muito bom... Essa final, aqui no Arpoador, vai ser realmente boa de ser disputada.” comentava Greg sobre esta final, que realmente foi um clássico para o surf brasileiro.


E estava do jeito que o Simão gosta. Arpex lotado, domingo de sol, ele dominando o pico. Local máximo.


Me desculpe Greg,sem localismos. Mas neste domingo você era haole.


Os garotos do Favela Surf Club, sentados na ponta da pedra faziam barulho para o Simão. Seu técnico fazia barulho. A torcida incendiava a cada manobra. E ele contagiado vinha no ritmo desta batida. Das palmas, dos gritos, da energia. Jogando em casa, tudo a favor.


Mas ele enfrentava Greg Emslie, que não quis deixar a festa acontecer assim tão fácil e virou a bateria faltando seis minutos pro final. Mesmo com pouco tempo Simão ainda conseguiu surfar mais duas boas ondas, virando na primeira e aumentando a diferença na segunda.


Faltando uns vinte segundos para o término, o horizonte liso, Simão vira o bico para o outside e começa a remar, sem ninguém entender o que ele ia fazer. Ele escala a ponta da pedra, onde estavam os meninos do Cantagalo e vai pro pico mais alto, levanta sua prancha e grita.


Um grito de vitória. Um grito de desabafo. Um grito de um surfista que nasceu naquele pico e que passou por muitas adversidades para chegar até aqui. Um grito de um surfista que é desacreditado por alguns, mas que é admirado por muitos. Um grito que estava preso, e planejado há dois anos.


Essa vitória foi a vitória daqueles que acreditam. No Simão, no surf carioca, no Arpoador e na força de um sonho.


“ Eu fiz igual no meu sonho. Venci, fui lá e fiz!”, desabafa Simão, muito emocionado.” Quero dedicar essa vitória a meu pai, que tá fazendo aniversário hoje.”, fala ele mais uma vez, sempre agradecendo a Deus, à família e aos patrocinadores.


“ Todo mundo torcendo pra mim, é bom demais. Essa vibe me ajuda até na escolha das melhores ondas. É inacreditável viver isso.”


“ Mas não acabou. Está começando agora. Estou indo pras Canárias disputar o WQS 6 estrelas Prime e eu tenho que ralar muito se eu quiser entrar pro WCT.”
Sobre o confronto com Greg:


“ Eu já tinha feito uma bateria com ele, das oitavas de final, lá na casa dele, em Durban. Graças a Deus deu pra passar nós dois, ele em primeiro e eu em segundo.”


Depois da vitória, aquela festa. Simão sai carregado por amigo e surfistas e some no meio de um mar de gente.


“ Eu sabia que eu tinha surf para isso, eu só não esperava ganhar. Mas to em casa , o Arpoador é o meu lugar,isso aqui é meu. Da próxima vez, fala pro gringo ficar na casa dele...(risos)”
Direto do Arpeexx...


Fã do Simão Romão desde a época que ele era amador....

Air Show Noturno- WQS Arpoador


Com o patrocínio da Red Bull rolou nesta quinta-feira, 09/10 um show de aéreos noturnos e manobras radicais com os surfistas usando lycras fluorescentes, numa bateria de 40 minutos, onde o campeão é o surfista que executar a melhor manobra.

A premiação, de U$$ 1000, estimulou bastante os atletas, principalmente nestes tempos de dólar em alta.

Marcelo Trekinho, Messias “faro-fino” Félix, Itim Silva, Jano Belo, Ian Cosenza, Stanley Cieslik, Marcelo Bispo e muitos outros surfistas entraram na água depois das 18:30, já escuro, com o mar iluminado pelos holofotes e mandaram as manobras mais alucinantes e mais modernas no surf atual.

“ Esse surf à noite é uma prática comum aqui no Arpoador, aqui tem mais de vinte holofotes. Eles só deviam ter ligado todos por que hoje só têm um cinco...” falava Marcelo Bispo, que surfa ali todos os dias.

Alandrerson Martins já abriu a session com um aéreo muito bom, seguido por Pedro Scooby, que bom skateboard que é mandou um aéreo “ ollie-woop”. Charlie Brown não deixou por menos e lançou mão de um aéreo board grind muito irado e que durante quase toda a bateria não conseguiu ser superado pelos aéreos chutados por todos os surfistas para as esquerdas e para as direitas, às vezes com mais de um surfista na mesma onda.

E foi assim, com dois surfistas na mesma onda, que um acabou fazendo uma marolinha e o outro aproveitou.

Era Guilherme Tripa que vinha quebrando com uma manobra absurda, um get-up flip, de muito difícil execução e poucas vezes completado, onde os surfista desgarra o bico da prancha,jogando-o verticalmente, e apoiando com uma das mãos na prancha por trás das costas.

“Eu fui convidado de última hora e ainda perdi a lente de contato que eu uso, logo no começo da bateria, o que me deixou enxergando tudo distorcido...” fala o ganhador do din-din.

“Eu vi que tinha uma pessoa na onda, mas eu não sabia quem era. Quando eu percebi, era o Scooby, e tinha feito uma ondinha, aí eu soltei a manobra, por que tá no pé mesmo... Mas quando eu levantei e vi a galera comemorando, eu não acreditei! Pensei: eu voltei mesmo? Sério? Aaaaaahhhh!Aí eu botei uma fé que ninguém mais ia virar e fiquei muito confiante.” Conta Tripa amarradão.

“Surfar a noite é muito diferente, por que você tem que se basear na luz que está batendo na onda né, que está refletindo, perceber quando dá pra soltar a manobra e acreditar.”
É o surf. Cada vez explorando novas manobras e novos limites.


Direto do Arpex...